Quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu no Porto, em
1394, e morreu em Sagres, em 1460. Toda a sua figura está envolta em algum
mistério e muita contradição.
Como todos os seus irmãos, a "Ínclita Geração", teve uma elevada educação.
Participou, em 1415, na conquista de Ceuta, estando encarregado de organizar
a frota com as gentes do Norte. Após a conquista, foi armado cavaleiro, na
mesquita de Ceuta, por D. João I, seu pai, juntamente com seus irmãos D.
Duarte e D. Pedro. No regresso, foi-lhe doado o ducado de Viseu. Em 1416, D.
João I encarrega-o dos negócios de Ceuta e da defesa marítima da costa
algarvia contra os ataques dos piratas mouros. E em 1417 é nomeado Mestre da
Ordem de Cristo, de cujos recursos se vai servir para a grande empresa
marítima.
As motivações e os objectivos das navegações que ordenou têm sido muito
discutidas e muito diferenciadas. O que não há dúvida é que o infante D.
Henrique foi o condutor da expansão ultramarina, com as motivações e os
objectivos a terem uma evolução natural. As primeiras navegações chegam a
Porto Santo (1419) e Madeira (1420), que logo procura colonizar, pois um dos
motivos é o económico, isto é, ter acesso às matérias-primas (como o ouro do
Sudão), abastecer o reino dos bens que lhe faltam (como os cereais) e
desviar as rotas comerciais africanas a favor de Portugal. A estes motivos
teremos de juntar o político, com a posse de novos domínios, ao mesmo tempo
que se alargam os horizontes de intervenção da nobreza, e o religioso,
inserido numa época em que os Turcos eram uma ameaça para a Europa e em que
se falava na existência de um reino cristão em África, a Terra do Preste
João, e que se queria atingir contornando a África.
Para que tal empresa fosse possível, o infante D. Henrique instala-se em
Lagos, procura rodear-se de cartógrafos e de gente experimentada na
navegação, e procura obter o máximo de informações acerca das terras a
demandar e dos novos conhecimentos de navegação. A partir de 1422 o Infante
envia todos os anos barcos a explorar a costa africana, estudando os ventos
e correntes e as novas formas de navegação no mar alto. Em 1426 passa-se o
Cabo Não e em 1427, no regresso de uma viagem, levados pelo vento, os
navegadores chegam à parte oriental dos Açores, cujas ilhas logo vão ser
povoadas. Vão-se aperfeiçoando os instrumentos náuticos, como o astrolábio e
o quadrante, bem como cartas de marear mais perfeitas. Finalmente, em 1434,
Gil Eanes passa o Cabo Bojador, pondo fim à lenda do Mar Tenebroso e abrindo
novas perspectivas ao avanço das navegações, que vão prosseguir em grande
ritmo. Atinge-se Arguim, a foz do Senegal, Guiné e Serra Leoa, ainda em vida
do Infante.
Mas o infante D. Henrique não está alheado de outros acontecimentos
nacionais: em 1431 é nomeado protector da Universidade de Lisboa, onde vai
reorganizar os estudos, introduzindo o estudo da Matemática e da Astronomia;
participa na trágica expedição a Tânger (1437), na conquista de Alcácer
Ceguer (1457), bem como na crise entre seu irmão D. Pedro e o sobrinho D.
Afonso V, que culminou na batalha de Alfarrobeira (1449).
Ao mesmo tempo, o infante D. Henrique trata da defesa dos interesses
portugueses junto do Papa, pedindo bulas que outorgavam a posse das ilhas e
territórios entretanto descobertos.
O infante D. Henrique é uma das figuras mais marcantes da nossa História,
sendo igualmente uma figura da humanidade.