Domingo, 22 de Maio de 2005

D. JOÃO I, por Carlos Maia Neto.

joao1.jpg

Monarca português, filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço,
dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. Décimo rei de
Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo
conhecido pelo cognome "de Boa Memória".
Educado por um mestre da Ordem de Cristo, foi nomeado, com apenas seis
anos, Mestre da Ordem de Avis por D. Pedro I e armado cavaleiro. Durante o
reinado de D. Fernando, seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis de certo
relevo, como o da negociação do casamento de D. Beatriz com o rei de
Castela. A rainha D. Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um
adversário na sua influência sobre D. Fernando, sendo D. João considerado o
chefe dos que se opõem à acção de Leonor Teles e do Conde Andeiro. Após a
morte de D. Fernando, em 1383, entra-se num período de agitação e de crise
na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar
casada com o rei de Castela. Estava ainda em causa a independência nacional.
Formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como
rainha de Portugal, e D. João aceita a chefia do movimento popular que luta
contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento
tem o apoio da burguesia. Assim, participa no assassínio do Conde Andeiro e
é proclamado "regedor e defensor do Reino". Prevendo a invasão do país por
Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, começa a preparar a
defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira. Segue-se um período de
lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de Lisboa, por
terra e mar, em 1384, durante vários meses. Em Abril de 1385 reúnem-se as
Cortes em Coimbra, onde, pela acção e grande poder oratório do Dr. João das
Regras, D. João é eleito rei. A luta contra Castela e seus partidários vai
continuar, e, em 14 de Agosto de 1385, obtém-se uma grandiosa vitória na
Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde. Pela
vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, D. João I manda
construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com
Castela e seus partidários vai continuar, mas mais esporadicamente, até que
em 1411 se estabelece em definitivo a paz. Entretanto, em 1387, D. João I
casa com D. Filipa de Lencastre, na sequência do Tratado de Windsor,
celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" - D.
Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D.
Fernando, o Infante Santo.
D. João I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas
populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou
uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da
nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela,
espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras
doadas.
É no reinado de D. João I que têm início as conquistas no Norte de
África e que começa a gesta dos Descobrimentos, pela acção do Infante D.
Henrique. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, que é conquistada
em 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita
daquela praça-forte, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique.
Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de
Lencastre.
Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar início à
epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. João I são descobertas as ilhas
de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se
fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos
Açores e da Madeira.
D. João I era um rei culto, dada a sua formação na Ordem de Avis, e,
por isso, mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, mandou
traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da
Montaria.
Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe
sucederia. D. João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro
da Batalha.
publicado por António Luís Catarino às 16:32
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1 comentário:
De Anónimo a 29 de Maio de 2005
Caro Carlos: sei que antes tarde que nunca, mas tive de vir aqui dizer de minha justiça e quanto me agrada que os meus alunos escolham personalidades históricas que lhes digam alguma coisa - para o bem ou para o mal. A indiferença é que não! Gosto que gostes de D. João I (desculpa a redundância) até porque não me é antipático, antes pelo contrário, e teve um papel determinante nos destinos deste país. Há, inclusive, historiadores que afirmam que a consciência nacional começou no seu reinado, depois da Revolução de 1383-85: Mais uma vez obrigado pela tua participação.Prof. Luís Catarino
</a>
(mailto:skamiaken@sapo.pt)

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